Manejo outonal como estratégia para a próxima safra

A Cooperalfa

Prática consiste em eliminar as plantas daninhas de difícil controle que permanecem nas lavouras no intervalo entre as culturas

Publicado em 19/05/2025

Após a colheita, o agricultor deve focar a atenção no conhecido manejo outonal. Essa prática consiste em eliminar as plantas daninhas de difícil controle que permanecem nas lavouras no intervalo entre as culturas. Essa prática geralmente ocorre no mês de maio.


Por não se ter uma cultura estabelecida, existem várias opções de herbicidas que podem ser utilizados para o controle das plantas daninhas, como explica o engenheiro agrônomo da Cooperalfa em Mafra, Irineu Junior. “Não é necessário se preocupar com a seletividade dos herbicidas e o efeito guarda-chuva, que limita a chegada de produtos nas plantas mais rasteiras e jovens. Dessa maneira, é possível atingir ervas daninhas que dificilmente seriam controladas com uma cultura estabelecida, como a Trapoeraba (Commelia sp.) e a Erva-quente (Spermacoce latifolia”.


Muitas plantas já são resistentes ou apresentam algum grau de tolerância, o que dificulta o controle, como é o caso do Caruru (Amaranthus spp.), Cravorana (Ambrosia artemisiifolia), Buva (Conyza spp.), Capim-pé-de-galinha (Eleusine indica), Capim-arroz (Echinochloa spp.), Capim-amargoso (Digitaria insularis), o próprio Azevém (Lolium multiflorum L.), quando não é desejado na área. Por isso, no pós colheita o controle é favorecido, pois muitas plantas acabam cortadas pela colhedora e iniciam a rebrota. O novo tecido foliar é menos espesso, o que aumenta a absorção dos herbicidas e o nível de controle dessas espécies.


O engenheiro agrônomo, Irineu Junior, salienta que o manejo outonal também auxilia no controle do banco de sementes no solo. “O uso de pré-emergentes ajuda a controlar a ocorrência de plantas como, o azevém e folhas largas, durante o desenvolvimento do trigo ou demais culturas de inverno a serem semeadas”, explica.

 

Cobertura de solo como aliada

Depois de realizar o manejo outonal, o produtor pode manter a área em pousio até o próximo plantio, ou implantar uma cobertura no solo com um mix de plantas. O engenheiro agrônomo, João Vanderlei Ribeiro de Lima, que atua na filial de Mafra, destaca que as plantas de cobertura são uma ótima opção para diminuir a incidência de plantas daninhas, além de proporcionar a ciclagem de nutrientes no solo e a proteção contra erosão. “Boas opções são mix de cobertura, trigo, aveia, nabo, ervilhaca, entre outras espécies disponíveis no portfólio da Cooperalfa”.


Nos últimos anos, as plantas daninhas vêm representando grande parte dos problemas sobre o rendimento e produtividade nas lavouras, principalmente por conta da competição por água, luz e nutrientes com a cultura comercial, além de serem hospedeiras de doenças e pragas. O profissional cita uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Santa Maria, que indica perdas médias de 3% e 15% da produtividade geral nas culturas que têm a presença de plantas daninhas.


João salienta que o objetivo do manejo outonal é entregar um ambiente melhor para a próxima cultura que será implantada, ou seja, com plantas daninhas de fácil controle e, em estágios iniciais. “O principal objetivo desse manejo é iniciar a próxima safra sem grandes desafios”, frisa.


O associado da Cooperalfa em Barracas, município de Mafra/SC, Risalvio Soares Nardo, é prova de que o manejo outonal faz a diferença. Segundo ele, a maior vantagem é o controle das plantas daninhas. O cooperado possui 156 hectares de lavoura, sendo que, neste ano, destinou 56 hectares para o plantio do trigo TBio Astro. A semeadura está programada para a primeira quinzena de junho e a expectativa é chegar na qualidade ‘panetone’. “A cultura do trigo é uma possibilidade de rotação de cultura e também de cobertura de solo, além de deixar uma adubação a mais na terra. O manejo de ervas daninhas realizado no trigo também impacta nas próximas culturas”, avalia Risalvio.


Preparando a próxima safra

Depois de um bom manejo de preparo do solo, é hora de lançar as sementes na terra. Nessa etapa, é preciso atenção na densidade de plantio, ou seja, no número de plantas por área. A distribuição adequada das sementes, em quantidades corretas, garante uma boa colheita e melhor custo/benefício. 


Vilmar Marcon, engenheiro agrônomo e responsável técnico da Unidade de Beneficiamento de Sementes da Cooperalfa, em Canoinhas/SC, explica que existe um cálculo que deve ser considerado na hora da semeadura do trigo. Na sacaria da cultivar consta o PMS (peso de mil sementes) de cada lote, e esse número serve para calcular a densidade.




Marcon exemplificou: se a recomendação de determinada cultivar é 350 plantas finais por m2, considerando germinação de 90% a 95%, é necessário semear 388 sementes por m2. Nessa hora, observa-se o PMS para realizar o cálculo. “Se 1.000 sementes pesam 34 gramas, 388 sementes pesam 13.19 gramas. Multiplicando esse número por 10.000 m2, que compreende 1 hectare, teremos 131.9 kg de sementes por hectare. Se o PMS for 42 gramas, por exemplo, para utilizar as mesmas 388 sementes por m2, precisamos de 16.29 gramas por m2. Multiplicando por 10.000 m2 (1 ha) será necessário 162.96 kg/ha. Nesse sentido, percebe-se a diferença em kg por hectare, conforme a peneira. Por isso, é importante levar em consideração o PMS de cada lote para fazer esse cálculo de densidade de semeadura”, salienta Marcon.


O engenheiro agrônomo afirma que a principal vantagem da classificação por peneiras é a uniformidade das sementes e, consequentemente da germinação. “Quando você tem a densidade correta, de acordo com cada cultivar, a plantabilidade com todas as sementes do mesmo tamanho, o resultado em produtividade será melhor. Desde que a cooperativa começou a classificação por peneiras, foi possível melhorar a produtividade da cultura; em algumas parcelas tivemos resultado de 11 sacas a mais por hectare”, ressalta.


Conforme o profissional, “quando o produtor tem uma semente de melhor qualidade, que entrega melhor produtividade, resultará em mais rentabilidade no fim da safra”, salienta. 


Tratamentos de sementes não são todos iguais

Cada etapa do processo produtivo é importante e merece atenção do produtor. Após um bom manejo outonal de ervas-daninhas, para evitar a multiplicação na próxima safra de verão e de, muitas vezes, investir em um mix de cobertura para preparar a área para o cultivo do trigo, é importante escolher uma boa semente. Além de ser padronizada por tamanho, como é a Semealfa, é indispensável que seja tratada.


O coordenador de agricultura da Cooperalfa, Claudiney Turmina, afirma que o tratamento de sementes pode ser comparado a um seguro. “É algo que você contrata e não quer utilizar, mas, se for preciso, ele serve de apoio para mitigar problemas. Da mesma forma, o tratamento de semente, havendo ataque de pragas e doenças na fase inicial, ele está ali para ajudar nesse manejo da cultura”.


Turmina explica que a cooperativa possui um procedimento padrão para realizar o tratamento de sementes. “Não é simplesmente escolher um fungicida, inseticida mais econômico e aplicar na semente. Na maioria das vezes essa forma de tratamento tem um resultado muito baixo. Na Alfa, a cada dez lotes de sementes de trigo Semealfa, realizamos uma análise de patologia, ou seja, amostras são enviadas para um laboratório credenciado que identifica as doenças que já estão presentes na semente, porque acreditem, não existe semente livre de doenças, o que acontece é ter mais ou menos presença e o tipo de doença”, informa.


Com base nesses resultados, em conjunto com especialistas, entomologistas, fitopatologistas, profissionais parceiros da Epagri, é definida a melhor receita técnica para fazer essa proteção da semente. “Nesta safra, com base em dados de laboratório, foram definidos dois tipos de tratamento para as sementes de trigo Semealfa. A primeira receita é para cultivares suscetíveis ao oídio, em que trabalhamos com três ingredientes ativos e três modos de ação para combater essas doenças, ou seja, é composta pelos produtos Certeza®, Sistiva® e Gaucho®. A receita dois é para cultivares que são tolerantes a doença do oídio, dessa maneira, trabalhamos com o Certeza®, Baytan® e o Gaucho®. Ambas as receitas também contêm enraizador para potencializar a fase inicial da cultura, com uma emergência mais rápida”, explica Turmina.


A cada dez lotes, a Cooperalfa envia um para o Seedcare, onde é feita a conferência no laboratório da quantidade do ingrediente ativo na semente, informado na etiqueta da sacaria. O coordenador de agricultura orienta para que o produtor não observe apenas o preço do tratamento das sementes e, se for o caso, peça para o outro fornecer quais são os produtos que compõem aquele tratamento. “Tratamentos de sementes não são todos iguais”, enfatiza Turmina.

 

 

Assessoria de Imprensa Cooperalfa.